segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ad Judicia

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Data da publicação original: 11 de março de 2010

Sou estudante de direito, mas nem um pingo romântico em relação à minha futura área de atuação profissional. Sei que o judiciário brasileiro é tão corrupto (ou mais) do que o executivo e o legislativo, e isso é muito ruim. Não é à toa que as pessoas não acreditam na justiça: morosidade nos processos, venda de sentenças, decisões judiciais absurdas, impunidade. Não somente dois, mas vários pesos e várias medidas. Miopia da justiça em lugar de cegueira. A culpa não é só da falta de técnica com que se fazem leis no Brasil, mas também da falta de técnica dos magistrados brasileiros, e da falta de ética de todos os profissionais que atuam nessa área, sejam eles advogados ou auxiliares forenses.

Há vinte e cinco anos atrás qualquer retardado, bacharéu em direito (ainda existem muitos até hoje), podia se tornar um juiz sem a dificuldade que temos hoje para galgar tão nobre posição social. O reflexo disso, atrocidades várias que não são, muitas vezes, nem concebidas pelo cidadão comum, mas que os que circulam nos paços dos juizados e tribunais conhecem muito bem.

Qual estudante de direito, por exemplo, honesto ou não, nunca teve um colega de classe que, apesar de não ter passado por teste seletivo, conseguiu uma vaga bem remunerada, diga-se, de estágio em determinado tribunal? O que se esperar de um futuro profissional que, desde os tempos da academia, comete tais práticas? Deveria-se acatar o seu porco discurso?

Falo por experiência própria (não, eu não estou estagiando!). Sou estudante beneficiado pelo prouni, e não o único em minha turma. Estudei em escola pública e vivo (ainda) com parcos recursos financeiros, ou seja, eu não teria condições de pagar minha faculdade. Infelizmente, em minha turma, há estudantes beneficiados pelo prouni que nunca estudaram em escola pública, talvez nem mesmo tenham entrado numa ao longo da vida. Quais as chances de esses estudantes, mesmo com conhecimento técnico suficiente para a magistratura, serem profissionais éticos, comprometidos com a justiça a que se propunham fazer?

Muitos pobres-coitados, envolvidos em litígios quaisquer, viram seu direito sucumbir no momento em que o advogado influente da parte contrária entra na sala de audiências e recebe do juiz um caloroso 'como vai, meu bom amigo?', dando-lhe tapinhas nas costas? que tipo de justiça esperar nesses casos?

Então, correta a máxima na imagem acima...

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